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Entrevista – João Brant, da Rede Paranaense de Comunicadores pela Reforma Agrária


O radialista João Brant é membro da Coordenação Executiva do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Ele foi um dos convidados na última quarta-feira, 23, do lançamento da Rede Paranaense de Comunicadores pela Reforma Agrária. A reunião, realizada na APP Sindicato, contou com a participação de comunicadores de diversas áreas. Em entrevista ao site do NCEP, Brant conta sobre o lançamento da Rede e fala sobre o envolvimento da mídia com a questão da reforma agrária.

NCEP: O que é e qual a proposta da rede de Comunicadores pela Reforma Agrária?

JOÃO BRANT: É uma rede formada por vários indivíduos e organizações, hoje são mais de 300 signatários. Ela surge na tentativa de trabalhar duas coisas: primeira a contra informação, ou seja, encontrar um espaço para informações que voce não encontra nos grandes meios; segundo é responder ao processo de criminalização dos movimentos socias, trabalhando como resposta às acusações e mostrando os aspectos positivos.

NCEP: Como foi a primeira reunião da Rede no Paraná e o que foi decidido?

JOÃO BRANT: O que se viu é que existe um grande conjunto de comunicadores a favor da causa, que estão nas universidades, na comunicação alternativa, nos sindicatos. O que se decidiu é criar um plano de trabalho que vai ser aprovado numa reunião no dia 7. A ideia é que se tenha ações em diferentes frentes: produção de matérias, formação e educação, e atuação específicas em coberturas para o acompanhamento da conjuntura da reforma agrária. Isso vai ser ótimo, o Paraná é um estado chave para pensar a questão agrária no Brasil e ter uma rede de comunicadores aqui é fundametal.

NCEP: Como a mídia deveria tratar a questão agrária do Brasil?

JOÃO BRANT: Deveria tratar como deveria tratar todo assunto, trazendo diferentes pontos de vistas, diversidade e pluraridades de visões. É preciso tratar o tema na sua complexidade: não simplicar a reforma agrária com ocupação de terras, mas procurar entender se há ou não problema da concentração fundiária do Brasil. Nós precisamos entender o contexto das notícias. Tem que se trabalhar um fato com outros cojuntos de fatos que interefiram nele. Claro que não dá para tratar isso toda vez numa matéria, mas é preciso fazer que o telespectador consiga entender o problema na sua complexidade.

NCEP: Na sua opinião, existe relação entre a concentração de terra e da mída que ocorre no país?

JOÃO BRANT: Existe, porque é um país pouco democrático, com poucos instrumentos de regulação e garantia da democratização da terra e do acesso às ondas eletromagnéticas. Além disso, há interesses em comum entre os dois, afinal estamos falando de uma questão de classes em que os interesses da elite são similares. Às vezes o dono de uma grande mídia é também um dono de terra, mas nem precisa ele ser dono de terra para que ele defenda aquele ponto de vista. Ele já tem mais ou menos a mesma perspectiva de um grande latifundiário.

NCEP: Quais as formas do público ter outras visões das notícias em meio há atual conjuntura da mídia?

JOÃO BRANT: A primeira atitude que indico é utilizarmos um slogan dos escoteiros: estejamos sempre alertas. Ou seja, desconfiemos, ouçamos as notícias sabendo que há uma perspectiva nela, há um lado. É dificíl você pensar nas outras perspectivas que não estão na matéria, mas é preciso fazer esse esforço. Segunda coisa é buscar outras fontes de informação. Se você de fato se interessa, por exemplo, por educação, procure o que as escolas estão discutindo, o que pensam os donos de escola,os trabalhadores, as visões dos professores; agora com a internet há muita possibilidade de acesso a outras fontes de informação. Outra ação é tentar acompanhar um tema. Se eu não acompanho um assunto e vejo uma notícia, o fato vai estar isolado e não vou conseguir entendê-lo no contexto. Entender a notícia é entender o contexto e o histórico do processo pelo qual ela se insere. Se você só quer ter uma ilustração de algum assunto, veja e desconfie da notícia. Mas se você quer de fato entender sobre determinado tema, não se satisfaça com o que os jornais trazem. Tome isso como ponto de partida e não como ponto de chegada.

Mais informações sobre o movimento em http://www.reformaagraria.blog.br/

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