Entrevista - Lorène Monique Lairé, pós granduanda da UEL
Lorène Monique Lairé, 24 anos, faz pós-graduação em Comunicação Popular e Comunitária na Universidade Estadual de Londrina. Formou-se em Relações Públicas no ano de 2009, e desde 2008 participa do Núcleo de Comunicação Popular da UEL (NCP). O núcleo é coordenado pelo Professor Rozinaldo Miani, que também está organizando o I Simpósio de Comunicação Popular e Comunitária, a ser realizado entre os dias 23 e 25 de junho na Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Lorène veio a Curitiba visitar o CEFURIA, devido ao tema de sua Tese de Conclusão de Curso (TCC), quando irá desenvolver uma pesquisa sobre as Relações Públicas Apropriadas pelos Movimentos Populares. Aproveitando a passagem pela cidade e a proximidade do trabalho do NCEP com o tema de seu trabalho, Lóli (como ela gosta de ser chamada) participou da reunião do Núcleo no dia 10 de junho.
Confira mais detalhes sobre o NCP da UEL e o simpósio que eles estão organizando na entrevista abaixo:
NCEP: Como você começou a gostar de comunicação popular?
LÓLI: Foi quando eu ainda estava no 1° ano de Relações Públicas. Logo na primeira aula, a professora dividiu a classe em grupos para pesquisar o primeiro, segundo e terceiro setores. O primeiro é representado pelo Estado, o segundo pela iniciativa privada e o terceiro pelas organizações não-governamentais (ONGs). Eu fiquei com o 3° setor e decidi conversar com o profº Rozinaldo. Ele não só me ajudou na pesquisa, como me convidou a conhecer mais de perto o estudo dos movimentos populares. Eu quero a transformação social, por isso me interessei de imediato pela comunicação popular, ao contrário da maior parte dos profissionais de Relações Públicas, que seguem a comunicação organizacional das empresas privadas.
NCEP: Quais diferenças você observou entre o NCP e o NCEP?
LÓLI: Bom, o NCP é um núcleo mais focado na pesquisa, nós ainda não desenvolvemos a prática. Já o NCEP é um núcleo de extensão, que também aborda a educação comunitária. Outro detalhe curioso é que o NCP começou com o pessoal da pós-graduação e só agora o pessoal da graduação está chegando, ao contrário do NCEP, onde os alunos da graduação iniciaram o trabalho e depois o pessoal do mestrado veio. Mas o importante é o intercâmbio, ter as duas áreas discutindo ideias é fundamental para a qualidade do trabalho.
NCEP: Como você analisa a diferença entre os conceitos de comunicação popular e comunicação comunitária?
LÓLI: Na comunicação popular, o forte é a palavra “popular”, que vem do povo, dos dominados, dos que não têm voz. A comunicação comunitária é ligada à comunidade, na qual os membros dela têm que se ver como comunidade. Às vezes, isso não acontece. Então, a comunicação é quem pode fomentar o grupo a tornar-se uma comunidade e ser visto como tal.
NCEP: Conte-nos um pouco sobre o trabalho desenvolvido pelo NCP e sua visão a respeito da comunicação nos movimentos sociais.
LÓLI: Nossas discussões se voltam para os movimentos sociais, em como eles podem atuar “nadando contra a corrente”, contra a grande mídia, que nunca demonstrou interesse pelo social. E a comunicação é o principal instrumento nessa luta. O grupo tem de aproveitar todos os espaços, as mídias, para fazer chegar a informação até a sociedade. É muito importante o fato da Internet ainda ser livre, ao contrário de rádio e TV, que funcionam por meio de concessões do Estado.
NCEP: Agora em junho teremos o I Simpósio de Comunicação Popular e Comunitária, organizado pelo NCP em parceria com a pós-graduação da UEL, com o apoio da Fundação Araucária e do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Como surgiu a ideia para o simpósio?
LÓLI: Nós sempre sentimos a necessidade de fomentar a discussão sobre a comunicação popular e comunitária. Juntamos a isso a preocupação em acompanhar os alunos já formados, trazê-los novamente ao ambiente acadêmico, debatendo questões que agora são parte da carreira deles. Iniciamos a organização do simpósio já no ano passado, e corremos contra o tempo para conseguir trazer todos os convidados. A ajuda financeira que recebemos foi fundamental para a realização do evento, o qual deixa o NCP mais sólido e pronto para novos desafios.