Visita à Rádio Esperança, a rádio comunitária do Cajuru
No dia 28 de outubro, o NCEP – mais especificamente, os integrantes Guilherme, Judy, Nilton e Olívia – fez uma visita à rádio comunitária Esperança, localizada no bairro Cajuru. Conversamos com os responsáveis pela rádio, João Batista e Roger. Ambos trabalham na rádio e a gerenciam por gosto, pelo amor que sentem por ela, pois não recebem algo em troca para trabalhar – eles tiram dinheiro do próprio bolso para mantê-la funcionando.
O fato de terem que “pagar para trabalhar”, como eles próprios disseram, explicita um dos problemas que a rádio do Cajuru tem: falta de recursos. Não há condições de comprar computadores novos, uma mesa de edição boa e nem para terminar de reformar o lugar. Roger e João Batista reclamam da lei proibir o anúncio de preços em uma rádio comunitária, pois isso afasta anunciantes que poderiam ser patrocinadores. A única que compra espaço na rádio é a Igreja Batista do bairro, e exatamente por isso boa parte da programação possui conteúdo religioso.
Além do desinteresse dos investidores, a natureza também não colabora. Um raio queimou todos os equipamentos da rádio, e eles contaram com doações de moradores para que ela voltasse a funcionar. Mas nem todos os que fazem parte da comunidade do Cajuru se envolvem com a rádio. Roger conta que o desinteresse da comunidade impera, que apenas ligam para a rádio quando recebem algo em troca – como uma cesta básica ou um brinquedo. Os que têm interesse e passam a trabalhar lá como voluntários ficam por pouco tempo, por se sentirem desmotivados com o desinteresse da comunidade ou por medo de serem assaltados – a Rádio já sofreu alguns assaltos.
A maioria dos ouvintes tem acesso à Rádio Esperança pela internet, poucos a ouvem pelo rádio. A razão disso é o baixo relevo em que a sede da Rádio foi construída, que não permite uma propagação das ondas adequada. Para isso, a torre de transmissão deveria ser maior – a atual tem 30m de altura – ou a sede da Rádio deveria ser em outro lugar. Outro motivo é a interferência causada por outras rádios comunitárias de bairros vizinhos, como a do Boqueirão ou a de Pinhais, cuja potência supera a do Cajuru. Esta permanece na frequência permitida por lei, de 98,3. Há pessoas no bairro que nem conhecem a rádio, devido a essas dificuldades.
Após essa conversa em que ouvimos e discutimos as dificuldades pelas quais a rádio passa, o NCEP tentará esboçar um projeto que cative a comunidade a participar da sua rádio comunitária – afinal, a rádio também é deles.