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Comunicação e Educação na visão de Everton Renaud


Em entrevista Everton Renaud explica a utilização de tecnologias e educomunicação como novos métodos de aprendizagem

Everton Renaud palestrou durante a Semana Acadêmica de Comunicação da UFPR e compartilhou suas experiências com os estudantes no Campus Juvevê (Foto: Caroline Momma)

Everton Renaud é professor, consultor, palestrante e pesquisador na área de educação e comunicação. Mestre em educação pela UFPR, especialista em gestão, inovação e docência em educação a distância pela Universidade Positivo, e licenciado em filosofia pela UIFAE.

Possui vasta experiência em educomunicação, gestão de projetos em comunicação e aplicação das tecnologias no ensino. Em entrevista ao NCEP – Núcleo de Comunicação e Educação Popular, Everton Renaud fala a respeito de métodos de ensino que vão além do tradicional, explicando sua relação com a educomunicação e esclarecendo conceitos como blended learning.

NCEP – Núcleo de Comunicação e Educação Popular: Como surgiu sua relação com temas relacionados a educomunicação?

Everton Renaud: Essa é uma história muito legal. Costumo dizer que meu caminho é similar ao que o autor português António Nóvoa expressa em uma de suas ideias, dizendo que a pessoa não pode ser dissociada do profissional e meu caminho no meu processo de formação nessa área sempre esteve muito próximo do meu lado pessoal. A televisão sempre foi um grande expoente em minha vida, desde pequeno assistia telenovela em casa junto com minha mãe e voltava correndo da escola para ver Castelo Rá-Tim-Bum. Houve um período em que meu contato com esse meio reduziu-se drasticamente a 30 minutos por dia, mas mesmo assim eu era fiel, assistia sempre o telejornal. Quando entrei na faculdade fui trabalhar, como estudante de filosofia, numa produção de material didático na Gazeta do Povo, na qual comecei a ter contato com a área da educação. Depois me tornei professor dando formação, para também professores, nos veículos de comunicação. Desde então, iniciei meus projetos de comunicação e educação. Fiquei apaixonado por essa área e fui fazer pesquisa e mestrado, mantendo essa relação na minha vida pessoal e profissional.

NCEP: O NCEP desenvolve oficinas educomunicacionais em escolas que se encontram em situações vulneráveis e por conta disso, encontramos diversas dificuldades para entreter os alunos. Você teria alguma dica para nos ajudar a solucionar esse problema?

E.R: Existe uma receita muito fácil de falar, mas difícil de realizar. O jeito é descobrir o que prende a atenção dos alunos, tentando sair do caminho tradicional que normalmente fazemos, que é se preparar antes e escolher o conteúdo que achamos que vai prender a atenção deles, o que normalmente dá errado. A dica que dou é tentar se aproximar desse público, tentar identificar o assunto que mobiliza os alunos e por fim colocar fogo, no bom sentido, no que eles querem falar. Assim nós conseguimos acessar o que está gerando indignação neles e mostramos o caminho, dando a oportunidade e os recursos necessários para falarem.

“Assim nós conseguimos acessar o que está gerando indignação neles e mostramos o caminho, dando a oportunidade e os recursos necessários para falarem”

NCEP: Você já escreveu diversos textos sobre o sistema blended learning como uma nova forma de aprendizagem. No que exatamente consiste e como que ele pode ser aplicado em conjunto com a educomunicação?

E.R: Blended learning é ter em mente que tudo é aprendizagem, quebrando assim o muro entre o que é presencial e o que é a distância. Existem vários estilos diferentes de aprendizagem que eu estudo e o blended learning consiste no aluno se preparar antes para o conteúdo que será abordado em sala de aula. O método pula a parte em que o professor passa horas explicando o texto, partindo direto para a produção do conteúdo, já que o aluno está com as informações borbulhando em sua cabeça. Esse sistema está diretamente relacionado com a ideia de educomunicação, porque no momento em que essa barreira é quebrada, conceitos do método de ensino tradicional, que consiste basicamente em dizer “isso é sala de aula, isso é quadro negro; televisão e internet são apenas para diversão”, também são quebrados. A partir desse momento você começa a agregar conhecimentos para os alunos, pois é causado um rompimento nesses preconceitos. Então blended learning se articula nisso, em tirar todas essas barreiras e passar a integrar, como um transmídia.


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